quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MOVIMENTO ESTUDANTIL, O QUE É ISSO ???


De uma forma simples, poderíamos dizer que Movimento Estudantil é, antes de tudo, um movimento social, formado por estudantes que discutem assuntos ligados a educação e as estruturas de ensino. Porém, o movimento estudantil sempre atuou de forma incisiva nos principais temas que envolvem a sociedade brasileira, lutando pela soberania do nosso país e, por conseguinte, defendendo a melhoria de vida das pessoas.
Atualmente, o Movimento Estudantil está representado nas seguintes entidades:
- no ensino médio os estudantes se organizam em cada colégio através dos Grêmios Estudantis, articulando as Uniões Municipais de Estudantes, as Uniões Estaduais de Estudantes Secundaristas e, por fim, se aglutinando na União Brasileira de Estudantes Secundaristas, a UBES.
- no ensino superior, os estudantes se organizam em cada Faculdade/Universidade dentro do DCE – Diretório Central dos Estudantes, depois nas Uniões Estaduais de Estudantes, e então, na UNE – União Nacional dos Estudantes.
É importante, porém, antes de nos aprofundarmos no tema, fazermos um pequeno resgate histórico do movimento estudantil.
Segundo alguns estudiosos, as primeiras manifestações estudantis ocorreram ainda no século XVIII por estudantes de conventos e colégios religiosos, passando por algumas manifestações pontuais durante o segundo império, entre elas a campanha pela abolição da escravatura, chegando então até a república, quando, em 1910, foi realizado o 1º Congresso Nacional de Estudantes. No ano de 1929 é criada a Casa de Estudantes Brasileiros na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, o ápice do movimento estudantil é a fundação da UNE – União Nacional dos Estudantes, órgão de representação máxima dos estudantes, criada em 1937, e que passa a funcionar na Casa do Estudante no Rio de Janeiro. Foi a partir daí que os estudantes passaram a se organizar mais e melhor em âmbito nacional, prova disso é que desde a sua fundação até os dias atuais, a entidade realiza Congressos Nacionais anuais, por vezes bianuais, para eleger sua nova diretoria e para discutir e elaborar a plataforma de lutas de cada gestão. Na década seguinte a sua fundação, a de 40, o movimento estudantil realiza diversas manifestações, dirigidas pela UNE, contra o nazi-facismo e pela redemocratização nacional, e é por este último motivo, que durante este período, dois estudantes foram assassinados pelas forças de repressão do Governo de Vargas.
Outro importante avanço do movimento estudantil foi o surgimento, em 1948, da UBES – União Nacional dos Estudantes Secundaristas, que, juntamente com a UNE, passaria a protagonizar as principais lutas dos estudantes brasileiros. A década de 50 é desenhada por grandes mobilizações em defesa da indústria nacional e principalmente, em 1957 pela campanha “O Petróleo é Nosso”, que defendia o monopólio estatal do petróleo. Mas é a década de 60 que a UNE, a UBES e o movimento estudantil como um todo vivem seu período mais emblemático. Grandes discussões sobre Reforma Universitária são realizadas e, paralelamente a isso é criado o CPC - Centro Popular de Cultura da UNE. Em 1962, a sede da UNE é metralhada por um movimento anticomunista, todavia, é em 1964 que a história da UNE e da UBES se misturam com a história do Brasil em decorrência do golpe militar, que as jogam na clandestinidade. Neste mesmo ano a sede da UNE é incendiada por participantes do movimento político militar. A partir daí a ditadura militar perseguiu, prendeu, torturou e assassinou centenas de brasileiros, muitos deles estudantes, que se contrapunham ao governo militar totalitário vigente. As universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas eram reprimidos, o Brasil escurecia. Apesar da repressão, a UNE continuou a existir nas sombras da ditadura, em firme oposição ao regime, como na célebre passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro em 1968. Neste mesmo ano a UNE realizou clandestinamente seu XXX Congresso, em Ibiúna – SP, que resultou na prisão de mais de 700 estudantes, entre eles, os principais líderes do movimento estudantil. É ainda neste mesmo ano que o presidente da UBES, Edson Luís Lima Souto, de 16 anos, é morto durante uma manifestação contra o fechamento do restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro.
Depois de um período de inatividade do movimento estudantil, é que em 1976 e 1977 a UNE e a UBES iniciam um esforço pela reconstrução das entidades. Em 1984 o movimento estudantil participa ativamente das manifestações das diretas já, mas é apenas em 1985 que a UNE retorna a legalidade. A década de 90 é marcada por 2 grandes eixos dentro do movimento estudantil, atuando firmemente nas mobilizações que culminaram no impeachment do Presidente Collor, e posteriormente, contra as políticas neo-liberais e privatizantes do Governo Fernando Henrique Cardoso, realizando grandes manifestações em âmbito nacional sob a bandeira do “Fora FHC”. Um fato marcante deste período foi que em 1996 a UNE e o grupo “Tortura Nunca Mais” realizam um ato público pela indenização às famílias de 17 estudantes mortos pelo regime militar. Em virtude do desastroso Governo FHC, que privatizou, a valores pífios, importantes estatais de áreas estratégicas, como a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, além de ter quebrado o monopólio estatal do petróleo e tentado, sem sucesso, privatizar a Petrobras, a UNE, após um plebiscito promovido nas universidades do Brasil, declarou apoio a eleição de Lula em 2002. Contudo, a entidade manteve uma postura independente, mas alinhada às iniciativas de mudança em relação ao neoliberalismo. Nos anos que se seguiram, a UNE viu parte de suas propostas atendidas então pelo Governo Federal, como a implementação parcial do REUNI – Reforma Universitária, que possibilitou a duplicação da quantidade de vagas ofertadas nas Universidades Públicas Federais. Porém, apesar dos avanços, muitas pautas ainda permanecem em discussão, sobretudo com relação a Assistência Estudantil, que estabelece políticas públicas de acesso e permanência dos estudantes no ensino superior. Muitas conquistas foram obtidas, porém ainda existe muito a avançar.
Percebemos, portanto, que o movimento estudantil é marcado e caracterizado pelos grandes embates nacionais, permeando a luta por uma educação pública, gratuita, universal, que possa oferecer qualidade e que forme os estudantes não tão somente para o exercício de uma profissão, mas preponderantemente para o exercício da cidadania. Por isso, é de fundamental importância que a base do movimento estudantil, ou seja, os grêmios e os DCE´s, estejam organizados e que sejam combativos, cobrando não tão somente a melhoria da estrutura e da qualidade de ensino de seu colégio ou faculdade, mas participando das discussões e dos embates regionais e nacionais, ligados a políticas educacionais e sócio-econômicas.
Por fim e o mais importante, é que as entidades de representação estudantil, citadas no decorrer deste texto, para serem legítimas devem, sempre, estar a serviço do movimento estudantil. Jamais, tais entidades devem servir para promoção de aspectos privados ou para atendimento de caprichos pessoais de seus representantes, devendo exercer sempre seu papel de defesa do ensino público e da transposição desta sociedade para uma melhor, mais inclusiva, mais plural, mais justa e humana. A sociedade só mudará, quando desejarmos e nos organizarmos para tal fim.


Colaboração: Anderson Marcondes

Fonte de coleta de dados:
http://www.une.org.br/
http://www.mme.org.br/

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Moção de Apoio ao DCE da FECILCAM


Publicamos abaixo, na íntegra, moção de apoio enviada pelo Companheiro Gabriel, Diretor da UPE - União Paranaense dos Estudantes.


Car@s Colegas,


Quero dar por meio deste meus parabéns aos estudantes da FECILCAM que se engajaram já há mais de um ano no combate por uma entidade dos estudantes. Infelizmente as condições materiais nem sempre ajudaram e não pude estar com vocês em todo o processo e principalmente nessa celebração.


Mas quero lembrar à todos, pra que a memória não nos deixe esquecer, que a existência das entidades estudantis livres foi uma das mais importantes conquistas das últimas décadas. As entidades estudantis são nossas armas para brigar por um futuro para os estudantes e para a juventude. Por isso muito me alegra a reconstrução de uma importante entidade dos estudantes que vai ter pela frente muitas batalhas e sem dúvida muitas vitórias.


Nesse período pós-ditadura reivindicações foram atendidas com muita luta mas muito ainda está por ser feito. O papel protagonista dos estudantes na rua não pode ser esquecido por isso não podemos nos deixar enganar por estratégias que nos farão brilhar aos olhos mas que nos imobilizam, é preciso ter claro que nossos interesses são inconcilhaveis com os interesses dos tubarões do ensino e que o combate histórico do movimento estudantil é por universidade pública para todos.


Desejo pra vocês uma ótima gestão, repleta de batalhas e conquistas. Espero encontrar-los na luta por um país soberano - com todo o petróleo para a petrobrás 100% estatal, com terra pra quem nela cultiva; por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos e por um futuro de verdade para a juventude.


Nos vemos na luta!


Saudações Estudantis,


Gabriel Mendoza - Diretor de Instituições Públicas da UPE

Posse da Nova Diretoria do DCE FECILCAM, gestão 2010/2011

Aos Estudantes da FECILCAM e Comunidade em Geral

Hoje - 30/08 - as 19h30m no Anfiteatro da FECILCAM, teremos a cerimônia de posse da nova diretoria do DCE - Diretório Central do Estudantes, gestão 2010/2011.

O evento será aberto a toda a comunidade.

Desejamos ao grupo JLC - Juventude, Luta e Consciência, sucesso na condução dos trabalhos a frente da entidade.

E agradecer a todos/as os/as estudantes que participaram direta ou indiretamente no processo que culminou na reativação deste diretório estudantil, que, diga-se de passagem, estava desativado a mais de 5 anos.

Agradecer também aos professores e professoras que apoiaram este processo e que demonstraram paciência quando da visita dos integrantes da chapa nas salas de aula para discutirem as principais propostas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

MATERIAL DE CAMPANHA PARA A ELEIÇÃO DO DCE - FECILCAM

É importante salientar que as propostas constantes neste material foram elencadas e discutidas nas reuniões da JLC, contudo elas não são estáticas e únicas. Também é importante ressaltar que não significa que todas estas propostas serão concretizadas, porém, certamente, serão defendidas perante a instituição e a sociedade.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

OFÍCIO AO GOVERNADOR ORLANDO PESSUTI


JLC – JUVENTUDE, LUTA E CONSCIÊNCIA
Para Conscientização, Transformação e Evolução da Sociedade


Ofício 006/2010 Campo Mourão, 19 de julho de 2010.

Exmo. Sr.
Orlando Pessuti
Governador do Estado do Paraná

Anteposto, permita que nos apresentemos brevemente:
A JLC – Juventude, Luta e Consciência, é um grupo formado por aproximadamente 50 jovens, sendo a sua grande maioria estudantes da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM). O grupo surgiu no início deste ano, a princípio, para contribuir com o Movimento Estudantil Universitário em nossa cidade, porém, em função de algumas ações na sociedade ele se fortaleceu e, hoje, seu principal objetivo é discutir e produzir iniciativas para a conscientização, transformação e evolução da sociedade. Algumas iniciativas merecem destaque:
- Participação nos dias 17 e 18 de abril do Fórum Estadual de Juventudes, em Curitiba;
- Participação no evento “1º de maio da CUT” realizado em Araucária / PR;
- Realização de manifestação intitulada “caça-fantasmas” no dia 18/05 no pátio da FECILCAM contra os desvios de dinheiro público da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, com repercussão em nível estadual;
- Realização de Seminário no dia 21/05 sobre Movimento Estudantil com a participação de cerca de 100 jovens, sendo coordenado por representantes da UPE e da UNE.
- Participação no dia 09/07 do Ato Político de inauguração da Escola Milton Santos em Maringá;
- Composição com 2 jovens do Conselho Municipal de Juventudes de Campo Mourão.
- Diversas visitas ao Acampamento Irmã Dorothy Stang, em Barbosa Ferraz, visando uma integração entre a juventude urbana e a juventude camponesa.

Isto posto, nosso objetivo com este ofício é manifestar nossa profunda preocupação com rumores de que as 70 famílias acampadas na fazenda São Paulo – Acampamento Irmã Dorothy Stang, em Barbosa Ferraz, possam ser despejadas.

É importante, aqui, fazermos algumas considerações acerca desta propriedade agrícola, hoje acampamento. A saber:

1º) A fazenda em questão, anteriormente a ocupação destas famílias, era improdutiva, sendo que algumas poucas cabeças de gado lá existentes não foram vacinadas contra a febre aftosa, o que levou a área a ser considerada de risco sanitário pela Secretaria de Agricultura de Barbosa Ferraz;
2º) O fazendeiro – proprietário - não cumpria as determinações de preservação da mata ciliar e da reserva legal, realizando desmatamentos por toda a área da fazenda;
3º) Quando as famílias chegaram a esta fazenda, a primeira atitude foi capturar o gado que estava solto, solicitando a Secretaria de Estado da Agricultura que providenciasse a vacinação do rebanho, e então realizaram a entrega deste gado ao fazendeiro;
4º) A ocupação por parte das 70 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais a fazenda São Paulo, possibilitou a transformação da realidade daquele espaço de terra. Destacando-se 2 motivos: Primeiro pelo respeito a natureza e a não devastação de áreas de reserva legal. Segundo, o que antes eram terras agricultáveis abandonadas, improdutivas, hoje servem para o sustento de 70 famílias, através do cultivo de mandioca, milho, hortaliças e a criação de porco e galinha.
5º) As próprias famílias se organizaram na divisão dos lotes, e o excedente da produção é comercializado ali mesmo no município de Barbosa Ferraz, com alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. Esse fato merece muita atenção, dada a importância social e econômica que estas famílias representam para a cidade de Barbosa Ferraz, fortalecendo a economia local, contribuindo para a manutenção e aumento de empregos, gerando impostos ao município e permitindo que as famílias permaneçam no campo e não vindo a morar em áreas periféricas de médias e grandes cidades;
6º) Atualmente, há 80 crianças freqüentado as escolas do município;
7º) Hoje, aquela propriedade agrícola, respeita plenamente a Constituição Federal de 1988, pois cumpre fielmente com a função social da terra.

Vemos, portanto, que a reforma agrária é fundamental e urgente para o Brasil, para o Paraná e para a nossa região, pois distribui riquezas promovendo desenvolvimento social e econômico, assegura a permanência das famílias camponesas no campo e, contribui de forma incisiva para a soberania alimentar da nossa nação.

Será difícil aceitar que a esperança e a alegria estampada no rosto daquelas famílias sejam delas arrancadas e enterradas. Sonhos alimentados por um pedaço de chão para produzir e dele sobreviver.

Diante do exposto, gostaríamos de solicitar ao nobre Governador, que por profissão também é ligado a terra, que não permita o despejo destas famílias brasileiras, destes irmãos camponeses, que estão lá trabalhando, sobrevivendo e vivendo em harmonia com a mãe terra.

Ademais, o assentamento definitivo daquelas famílias poderá proporcionar acesso a linhas especiais de crédito dos órgãos oficiais, possibilidade de enquadramento em políticas públicas de valorização da agricultura familiar e, por conseguinte, a estruturação das pequenas propriedades, com significativa melhora na qualidade de vida dos seres humanos que hoje lá habitam.

É o que pedimos.
É o que esperamos.
É o que desejamos.

Na esperança de que o nosso clamor possa ser atendido, aproveitamos a oportunidade de externar votos de grande estima e consideração.


Saudações,


Coordenação da JLC – Juventude, Luta e Consciência
Campo Mourão / PR

domingo, 18 de julho de 2010

Classe Média - Música de Max Gonzaga e Banda Marginal

Queremos indicar a música de Max Gonzaga que retrata o perfil de uma grande parte do chamado "Médio-Classista-Esclarecido".
http://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs

quarta-feira, 14 de julho de 2010

INAUGURAÇÃO DA ESCOLA MILTON SANTOS


Nós da galerinha da JLC, em meio a cantorias e piadas, nos deslocamos rumo a Maringá na sexta-feira (09/07) para participação na conferência "O Brasil no contexto mundial: desafios e perspectivas para o século XXI", com a presença do integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina Brasil, João Pedro Stedile, no auditório do PDE, da UEM.

A mesma fazia parte do ciclo de palestras da inauguração da Escola Milton Santos, sendo esta a quarta escola de agroecologia do Paraná.

A Escola Milton Santos oferece cursos de nível médio e pós-médio de Técnicos em Agropecuária com ênfase em Agroecologia para filhos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, do MST e de outros movimentos sociais.

No sábado (10/07), às 8h, ocorreu o debate "Sobre a Educação e a Reforma Agrária", com a participação de João Pedro Stedile e o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Luiz Carlos Freitas, na Escola Milton Santos. Em seguida, realizado o Ato Político de inauguração, com a presença de autoridades, parceiros, educadores, educandos e amigos do MST.

A construção da escola teve início em junho de 2002. O prédio estava totalmente degradado: eram ruínas de um projeto de indústria de cerâmica que nunca funcionou e servia como depósito de lixo e espaço de prostituição. Em oito anos de funcionamento, 82 educandos e educandas já se formaram no espaço. A primeira turma, chamada Karl Marx, se formou em 2005. No momento, está em andamento a terceira turma, com cerca de 40 educandos.

Nossa participação foi de grande valia. É inquestionável agregar cada vez mais conhecimento em debates com outros movimentos de base.

Como mais uma experiência incluindo a consciência política, a luta que o movimento mostrou em uma conquista da estruturação da Escola Milton Santos.

Um escola que forma jovens não só na agricultura sustentável e ecologicamente correta, mas na cidadania consciente.

Não são jovens alienados, são jovens questionadores, sonhadores e lutadores por uma nova sociedade.

Se vale uma alfinetada, deixa pra traz muitos graduandos!

Colaboração: Francielle B. Barros - Acadêmica do Curso de Economia - FECILCAM