quinta-feira, 22 de julho de 2010

OFÍCIO AO GOVERNADOR ORLANDO PESSUTI


JLC – JUVENTUDE, LUTA E CONSCIÊNCIA
Para Conscientização, Transformação e Evolução da Sociedade


Ofício 006/2010 Campo Mourão, 19 de julho de 2010.

Exmo. Sr.
Orlando Pessuti
Governador do Estado do Paraná

Anteposto, permita que nos apresentemos brevemente:
A JLC – Juventude, Luta e Consciência, é um grupo formado por aproximadamente 50 jovens, sendo a sua grande maioria estudantes da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM). O grupo surgiu no início deste ano, a princípio, para contribuir com o Movimento Estudantil Universitário em nossa cidade, porém, em função de algumas ações na sociedade ele se fortaleceu e, hoje, seu principal objetivo é discutir e produzir iniciativas para a conscientização, transformação e evolução da sociedade. Algumas iniciativas merecem destaque:
- Participação nos dias 17 e 18 de abril do Fórum Estadual de Juventudes, em Curitiba;
- Participação no evento “1º de maio da CUT” realizado em Araucária / PR;
- Realização de manifestação intitulada “caça-fantasmas” no dia 18/05 no pátio da FECILCAM contra os desvios de dinheiro público da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, com repercussão em nível estadual;
- Realização de Seminário no dia 21/05 sobre Movimento Estudantil com a participação de cerca de 100 jovens, sendo coordenado por representantes da UPE e da UNE.
- Participação no dia 09/07 do Ato Político de inauguração da Escola Milton Santos em Maringá;
- Composição com 2 jovens do Conselho Municipal de Juventudes de Campo Mourão.
- Diversas visitas ao Acampamento Irmã Dorothy Stang, em Barbosa Ferraz, visando uma integração entre a juventude urbana e a juventude camponesa.

Isto posto, nosso objetivo com este ofício é manifestar nossa profunda preocupação com rumores de que as 70 famílias acampadas na fazenda São Paulo – Acampamento Irmã Dorothy Stang, em Barbosa Ferraz, possam ser despejadas.

É importante, aqui, fazermos algumas considerações acerca desta propriedade agrícola, hoje acampamento. A saber:

1º) A fazenda em questão, anteriormente a ocupação destas famílias, era improdutiva, sendo que algumas poucas cabeças de gado lá existentes não foram vacinadas contra a febre aftosa, o que levou a área a ser considerada de risco sanitário pela Secretaria de Agricultura de Barbosa Ferraz;
2º) O fazendeiro – proprietário - não cumpria as determinações de preservação da mata ciliar e da reserva legal, realizando desmatamentos por toda a área da fazenda;
3º) Quando as famílias chegaram a esta fazenda, a primeira atitude foi capturar o gado que estava solto, solicitando a Secretaria de Estado da Agricultura que providenciasse a vacinação do rebanho, e então realizaram a entrega deste gado ao fazendeiro;
4º) A ocupação por parte das 70 famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais a fazenda São Paulo, possibilitou a transformação da realidade daquele espaço de terra. Destacando-se 2 motivos: Primeiro pelo respeito a natureza e a não devastação de áreas de reserva legal. Segundo, o que antes eram terras agricultáveis abandonadas, improdutivas, hoje servem para o sustento de 70 famílias, através do cultivo de mandioca, milho, hortaliças e a criação de porco e galinha.
5º) As próprias famílias se organizaram na divisão dos lotes, e o excedente da produção é comercializado ali mesmo no município de Barbosa Ferraz, com alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos. Esse fato merece muita atenção, dada a importância social e econômica que estas famílias representam para a cidade de Barbosa Ferraz, fortalecendo a economia local, contribuindo para a manutenção e aumento de empregos, gerando impostos ao município e permitindo que as famílias permaneçam no campo e não vindo a morar em áreas periféricas de médias e grandes cidades;
6º) Atualmente, há 80 crianças freqüentado as escolas do município;
7º) Hoje, aquela propriedade agrícola, respeita plenamente a Constituição Federal de 1988, pois cumpre fielmente com a função social da terra.

Vemos, portanto, que a reforma agrária é fundamental e urgente para o Brasil, para o Paraná e para a nossa região, pois distribui riquezas promovendo desenvolvimento social e econômico, assegura a permanência das famílias camponesas no campo e, contribui de forma incisiva para a soberania alimentar da nossa nação.

Será difícil aceitar que a esperança e a alegria estampada no rosto daquelas famílias sejam delas arrancadas e enterradas. Sonhos alimentados por um pedaço de chão para produzir e dele sobreviver.

Diante do exposto, gostaríamos de solicitar ao nobre Governador, que por profissão também é ligado a terra, que não permita o despejo destas famílias brasileiras, destes irmãos camponeses, que estão lá trabalhando, sobrevivendo e vivendo em harmonia com a mãe terra.

Ademais, o assentamento definitivo daquelas famílias poderá proporcionar acesso a linhas especiais de crédito dos órgãos oficiais, possibilidade de enquadramento em políticas públicas de valorização da agricultura familiar e, por conseguinte, a estruturação das pequenas propriedades, com significativa melhora na qualidade de vida dos seres humanos que hoje lá habitam.

É o que pedimos.
É o que esperamos.
É o que desejamos.

Na esperança de que o nosso clamor possa ser atendido, aproveitamos a oportunidade de externar votos de grande estima e consideração.


Saudações,


Coordenação da JLC – Juventude, Luta e Consciência
Campo Mourão / PR

Um comentário:

  1. Penso que o efeito seria ainda maior se os itens 1º, 2º e 3º fossem melhor explicados, tal explanação reforçaria os itens seguintes.

    E ainda, considerando que a JLC defende a reforma agrária, deveriam tentar de alguma forma levantar a informação das propriedades com dividas com o poder público e então lutarem pelo cumprimento da Lei n° 8.629/93.

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